Cefaleia é um sintoma muito comum em crianças, e sua prevalência aumenta com a idade. Muitas vezes é negligenciada, não reconhecida como um problema, até que comece a impactar na vida escolar da criança.
Em estudos populacionais, em torno de 60% das crianças relatam terem tido dor de cabeça, variando de um mês à toda a vida. Ao alcançar 18 anos, em torno de 90% dos adolescentes terão tido pelo menos um episódio de cefaleia na vida.
Dores de cabeça intensas e recorrentes também são comuns em crianças. Nos Estados Unidos, aproximadamente 20% das crianças de 4 a 18 anos relatam ter tido dores de cabeça recorrentes notáveis (incluindo enxaqueca) em um período de 12 meses.
A prevalência de dores de cabeça recorrentes aumenta com a idade: de 4,5% entre crianças de 4 a <6 anos para 27,4% entre crianças de 16 a 18 anos.
Antes dos 12 anos de idade, a prevalência de dores de cabeça é semelhante entre os sexos (aprox 10%). Após os 12 anos, a prevalência é maior em meninas (aprox 28-36% vs 20% em meninos). Em adultos, a proporção entre mulheres e homens para enxaqueca é de aprox 3:1.
As cefaleias podem ser classificadas em primárias (aquelas intrínsecas ao sistema nervoso, e secundárias (aquelas em que a cefaleia é um sintoma de uma condição subjacente). Cefaleias primárias e secundárias não são mutuamente exclusivas; pacientes com cefaleia primária podem ter uma cefaleia primária exacerbada por uma etiologia secundária.
Uma importante questão que surge nesse contexto é: “quando solicitar exame de imagem?”. Basicamente quando houver suspeita de cefaleia secundária, ou seja, quando os RED FLAGS = sinais de alarme (vide imagem acima) estiverem presentes.
Pensando nas cefaleias primárias, bem mais comuns do que as secundárias, o primeiro pilar terapêutico está nas modificações do estilo de vida da criança (SMART).
Referências:
– Abu-Arafeh I, Razak S, Sivaraman B, Graham C. Prevalence of headache and migraine in children and adolescents: a systematic review of population-based studies. Dev Med Child Neurol 2010; 52:1088.
– Lateef TM, Merikangas KR, He J, et al. Headache in a national sample of American children: prevalence and comorbidity. J Child Neurol 2009; 24:536.
– Zwart JA, Dyb G, Holmen TL, et al. The prevalence of migraine and tension-type headaches among adolescents in Norway. The Nord-Trøndelag Health Study (Head-HUNT-Youth), a large population-based epidemiological study. Cephalalgia 2004; 24:373.
– Blume HK. Pediatric headache: a review. Pediatr Rev. 2012;33(12):562 576.